Itália e França são dois dos países com maior representatividade no catálogo da Mistral, e os que compareceram com maior quantidade de representantes no Encontro Mistral 2023.
Dos vinhos italianos provados, o destaque começa com o envolvente e mineral Corte del Lupo Curtefranca Bianco DOC 2020, corte de Chardonnay e Pinot Bianco da vinícola lombarda Ca’ del Bosco.
Dos tintos, foi uma oportunidade voltar a provar o excelente Coppo Bric del Marchese Nizza DOCG 2018, segunda safra desse exemplar da denominação piemontesa que privilegia a Barbera, das mãos de Paolo Coppo, personagem do vinho sempre presente no Encontro Mistral.
A siciliana Tenuta delle Terre Nere foi um dos grandes destaques do evento. O Etna Rosso San Lorenzo DOC 2020 apresentou camadas de aromas e foi envolvente no paladar. Quando a Mistral trouxe Marc de Grazia para apresentar seus vinhos há 14 anos em São Paulo, provocou-se a descoberta não só da sua tenuta, como do vinho do Etna em geral.
Da Toscana, o tradicional produtor Tenuta di Capezzana preferiu deixar a denominação DOCG Carmignano para maior liberdade na produção. Seu estruturado e elegante Ugo Contini Bonacossi IGT Toscana 2016 é um varietal Sangiovese que estagiou dezoito meses em barricas francesas nova e de primeiro uso. Já a Badia a Coltibuono, além do gastronômico Cultusboni RS Chianti Classico DOCG 2018 – bom valor pela sua qualidade – e o balsâmico Sangioveto Toscana IGT 2016, contou com um dos preferidos do evento, o Badia a Coltibuono Vin Santo del Chianti Classico 2012. Como o próprio enólogo e titular Roberto Stucchi Prinetti (na foto do topo da página) disse, “o vinho da tradicional hospitalidade toscana”, mas eu chamaria de vinho de meditação. De Trebbiano e Malvasia, matura oito anos em barricas de carvalho.
Nada melhor começar França com champagne: o Champagne Pol Roger Rosé Brut Vintage 2015 apresenta bela cor, é fresco e amplo na boca. Antes do engarrafamento para sua segunda fermentação é adicionado 15% de vinho Pinot Noir da região. A casa ainda utiliza a tradicional remuage à mão.
Dos brancos do Loire da Saget La Perrière oferecidos por Arnaud Saget, o que mais me agradou foi o Guy Saget Pouilly-Fumé 2021, muito rico em aromas e com boa presença gustativa.
A Alsácia, representada pelo atencioso casal Marlene e Etienne-Arnaud Dopff, surpreendeu com o Dopff Au Moulin Pinot Blanc 2020 Vin d’Alsace. Nítido e delicado, é elaborado com uma variedade de uva que normalmente dá vinhos muito simples. É natural a indicação dos Riesling da vinícola, mas eu fico com o Pinot Blanc.
A Mistral tem em seu portfólio dois produtores de Borgonha de longa data: Joseph Drouhin e Faiveley. Christophe Thomas, personagem costumaz nos eventos Mistral, apresentou o Joseph Drouhin Vosne Romanée 2019, elegante e gastronômico, uma escolha certa. Já o Domaine Faiveley Gevrey Chambertin Vieilles Vignes 2017 é um tinto de nariz etéreo, muito fino nos taninos. Dentre os brancos chamou atenção pelo seu conjunto o Domaine Faiveley Mercurey blanc 2020. Finalmente, da região do Chablis, o prazeroso Domaine Billaud-Simon Chablis AOC 2020. A Billaud-Simon foi adquirida há nove anos pelo Domaine Faiveley.